terça-feira, 2 de maio de 2017

Cursos para barista ainda são raros no Rio de Janeiro e no Brasil

Desde 2001, consumo de cafés especiais vem aumentando no país, no entanto, o ensino e a profissão ainda não foi devidamente reconhecida

Foto: Google

Quem acompanha aqui o Marco Polo’s, já sabe muito bem que o Brasil é o maior produtor de café arábica no mundo, no entanto o país ainda se encontra no terceiro lugar entre os maiores consumidores, com um aumento de 4,89 kg/ano, para 4,90, do café torrado ou moído, isso equivale a 81 litros/habitante.ano. Esses números são relativos ao ano de 2015.


Seguindo esse caminho, novas cafeterias vez surgindo cada vez mais especializadas em cafés especiais, ou seja, com uma qualidade de cultivo, torra e produção excelentes. Com isso a necessidade de se produzir profissionais com bom conhecimento do produto desde a sua fabricação até a xícara.

De acordo com Emílio Rodrigues, fundador da Casa do Barista, localizado na Gamboa, no Rio de Janeiro, a curiosidade e procura por esse tipo de café, surgiu há partir de 2001 e desde então vem crescendo, para ele o Brasil enfim está tomando consciência que é o país do café de que precisa trabalhar, mas o consumidor de café ele deve exigir das autoridades que ele seja capaz de escolher o café que ele quer tomar.

Foto: Arquivo - Casa do Barista

“No Brasil, temos uma restrição para a restrição de café de outros países. Você chega na em Londres ou Buenos Aires ou Madrid e você vai encontrar cafés do Kenya, cafés de Botsuana, de Borundi, da Guatemala, da Etiópia, e no Brasil a gente tem só a possibilidade de tomar café do sul de Minas, do serrado mineiro, da zona da mata ou do Espírito Santo ou da Bahia eu acho isso um profundo cerceamento da capacidade do consumidor de escolher o que ele quer pra ele”.


Quanto maior o número de cafés e cafeterias sendo abertas na cidade e no país, vem se desenvolvendo a necessidade de que haja profissionais adequados para manusearem e entregar aos clientes uma bebida de qualidade e que faça jus ao esforço e ao grão produzidos pelos agricultores.

A profissionalização do barista, assim como a capacitação daqueles que trabalham fazendo cafés, se tornou algo fundamental hoje em dia. Enquanto outros países investem e valorizam a profissionalização e a educação quando se refere a um barista, no Brasil, ainda não existe esse nível de valorização e incentivo. 

No país existem poucos lugares, como a Casa do Barista, onde seja oferecida capacitação para quem quer investir nessa área, a maioria delas são instituições autônomas. Algumas cafeterias têm ajudado nessa questão de aprendizado, como é o caso da Fazenda Paradiso, localizado no bairro boêmio da Lapa, no Rio, onde são oferecidos cursos de degustação, classificação, entre outros.

“A gente fez uns estudos sobre isso [...] em termo de café especial, o Rio de Janeiro era o que tava mais atrasado, mas que demonstrava o maior potencial [...] e uma das coisas que a gente mais escutava era que faltava cafeterias com cafés de qualidade aqui. Eu espero que a gente esteja mesmo contribuindo com isso, [...] o fato das pessoas reconhecerem, procurarem pelo nome já é o fato de que alguma coisa tá tendo impacto” declara Marina Pereira, sócia do café Fazenda Paradiso.


Aos poucos os brasileiros estão percebendo a qualidade do café produzido no país, ainda que o produto que chegue as gondolas dos supermercados seja de uma qualidade muito inferior. Isso se da principalmente pelo tipo de grão utilizado (robustas) e pela forma com que ele é coletado e processado, muitas vezes contendo na sua torrefação e/ou moagem, gravetos, fezes de animais, pedrinhas e grãos estragados.

Em comparação com os cafés vendidos em supermercados, os especiais possuem um valor elevado o que acaba por afastar uma parcela do público que ingere a bebida. Entretanto para Rodrigues, manter os preços baixos enquanto se produz em alta qualidade é algo impossível e que o preço sempre irá refletir a variedade e se o produto é bom ou não.

No Rio de Janeiro existem três locais onde existem aulas de barista, o que dificulta na popularização e reconhecimento da profissão, além do aperfeiçoamento daqueles que trabalham fazendo cafés todos os dias. Muito dos detalhes da produção e da qualidade do grão consumido é desconhecido do consumidor e que ajuda a justificar o valor econômico e paliativo da bebida.

“O papel de um barista numa cafeteria, uma pessoa consciente, sabedora de todo o processo produtivo e respeitando esse processo ele é fundamental, porque mesmo você tendo um café que pode ter sido comprado num preço altíssimo, ou de uma safra ou de um micro lote se você não tiver uma pessoa que saiba o que ele tá fazendo, ele pode destruir aquela bebida no momento de preparar o café” completa Rodrigues.

Nenhum comentário:

Postar um comentário